Boituva Inquérito sobre paraquedista do Exército que morreu durante salto aponta fraude e falha humana
A Polícia Civil de Boituva(SP) concluiu, nesta quinta-feira (2), a investigação sobre a paraquedista do Exército Brasileiro que morreu durante um salto no Centro Nacional Paraquedismo (CNP).
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Emerson Jesus Martins, a ocorrência foi apresentada à Justiça como periclitação da vida, já que a queda ocorreu devido a um erro cometido por Bruna Ploner durante a manobra.
“Ocorreu ilícito a ser imputado ao Centro de Paraquedismo de Boituva, que não preservou o local do acidente, antes, lavou o local, limpou o sangue da vítima (literalmente) e recolheu os vestígios (pedaços de ossos da vítima), para não prejudicar a continuidade dos outros saltos, prejudicando a perícia no local”, apontou.
Durante as investigações, a Polícia Civil concluiu também que Bruna realizava a filmagem de outros saltos e usava um equipamento de alta performance, para proporcionar descidas em alta velocidade. Vale ressaltar que não foram identificados problemas técnicos no equipamento, que pertencia à paraquedista.
“O socorro foi rápido, porém inadequado já que, conforme apurado, se a vítima tivesse sido atendida por médico socorrista com equipamento adequado (UTI fixa ou móvel), haveria maior chance de vida para a vítima”, explicou o delegado Emerson, baseado no depoimento do marido da paraquedista.
A prefeitura informou que, até a manhã desta quinta, não teve acesso ao documento e completou que a estrutura da cidade é de atendimentos clínicos de baixa complexidade, já que faz parte do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Sorocaba(confira nota abaixo).
Bruna Ploner morreu após sofrer politraumatismo em Boituva (SP) — Foto: Facebook/ Reprodução
O laudo necroscópico apontou que a vítima teve traumatismo craniano com edema encefálico com hemorragia, traumatismo torácico com contusão pulmonar, traumatismo abdominal e ruptura de hilo renal e traumatismo ortopédico com fratura exposta em diversos pontos.
O inquérito foi encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), que dará andamento ao processo.
Confira abaixo posicionamento da prefeitura:
“O município de Boituva , fazendo parte da DRS Sorocaba, conta com atendimentos clínicos e hospital com capacidade para baixa complexidade. Os acidentes relacionados a esportes de risco, como ocorre no paraquedismo, são de forte impacto com graves lesões, que, quando existe possibilidade de sobrevida, depende de neurocirurgia e cirurgia de trauma de alta complexidade. A rede municipal de saúde vem se adequando em relação aos atendimentos de urgência, tendo já sido implantado o serviço de ortopedia com plantão no hospital, com capacidade para baixa e média complexidade.Visando também a ampliação de nossa capacidade de atendimento na rede de urgência e emergência, estamos com o Samu em fase de implantação, somente aguardando a viatura, mas já com os profissionais treinados. E estamos com uma Unidade de Pronto Atendimento em fase de construção, onde poderemos manter o suporte mais avançado de casos mais graves. Porém, os atletas de alta performance trabalham muito próximo do limite de risco, e para essa alta complexidade, temos os suportes avançados da nossa rede de urgência e emergência no município de Sorocaba.”
Relembre o caso
O acidente aconteceu na manhã do dia 24 de abril de 2022. De acordo com atletas locais, a paraquedista saltou com um paraquedas menor, de alta performance, mas que era adequado para o tipo de salto que ela fazia, chamado de “belly fly”.
Sargento de Exército Brasileiro
Na época, o Exército se posicionou dizendo que Bruna era considerada uma atleta experiente, inclusive, como atuado como instrutora de saltos. Ela estava no cargo de 3º sargento do Exército Brasileiro e integrava o Programa de Atletas de Alto Rendimento da corporação, ligado à Comissão de Desportos do Exército (CDE).